Nascido em 1987, o artista português Artur Bordalo, conhecido como Bordalo II, considera fazer parte de uma geração “extremamente consumista, materialista e gananciosa”. Por isso, acredita que o lixo de uma pessoa pode ser o tesouro de outra.

Criança, teve suas primeiras interações com a arte, ao passar horas no ateliê de seu avô, Artur Real Bordalo, que era apaixonado por pinturas a óleo e aquarelas, e retratava cenas típicas de Lisboa enquanto os graffitis ilegais se espalhavam pelo submundo da cidade.

Em 2007, aos 20 anos, resolveu seguir o mesmo caminho. Durante 8 anos cursou a Faculdade de Belas Artes, mas nunca concluiu os estudos. Apesar disso, Bordalo II diz que estes anos lhe permitiram experimentar uma variedade de materiais, como a escultura e a cerâmica, distanciando-o da pintura.

Como sempre foi fascinado pelo grafite e pela arte de rua, com sua bagagem, começou a explorar diversas composições nos espaços públicos. Escolheu adicionar camadas de resíduos plásticos, metal, madeira para retratar animais, através de um processo orgânico e fluído, dando início a série Big Trash Animals.

Resíduos urbanos como ponto de partida para o graffiti

O artista se diz focado em questionar a sociedade materialista e gananciosa da qual ele (também) faz parte. O consumo excessivo de coisas, que resultam na produção contínua de “lixo”, e consequentemente na destruição do planeta, são temas centrais de suas produções. 

Para a construção de suas peças, Bordalo II busca por objetos que não vão para a reciclagem, basicamente descartados em terrenos baldios, encontrados em fábricas abandonadas ou na própria coleta de lixo da cidade, finalizando as esculturas com cores vibrantes em tinta spray.

Além do impacto visual, a mensagem é clara e pode ser facilmente compreendida por todas as idades e culturas. Com isso, espera aumentar a consciência das pessoas para as questões ambientais urgentes e falar sobre os recursos naturais finitos do planeta, essenciais para os animais e natureza.

Big Trash Animals

Desde 2012, Bordalo II já criou +200 esculturas e utilizou +115 toneladas de materiais que não seriam aproveitados. É possível encontrar seu manifesto por várias cidades, já que o artista espalhou animais por +20 países.

Baleia – em Bora Bora, Polinésia Francesa;
Saruê – Famalicão, Portugal, com brinquedos doados;
Joaninha feita de plástico;
Urso – Lynn, MA, Estados Unidos;

Montadas no local e em poucos dias, as instalações artísticas carregam composições únicas de objetos, trazem impressionantes detalhes e são impactantes, tanto de perto quanto de longe, como é no caso do enorme lince ibérico, uma espécie de felino em extinção, feito a partir de lixo e plástico, que está no Parque das Nações, em Lisboa.

Onça Pintada, São Paulo, para Luis Maluf Galeria de Arte;

Assim como o pioneiro do movimento ambientalista alemão Joseph Beuys, o artista português acredita que a partir da criatividade, somos capazes de mudar a humanidade e a ordem social.

Como um dos mais emblemáticos artivistas do nosso tempo, Bordalo II promove essa continuidade e comprova que a arte realmente pode transformar a nossa percepção. Do lixo à arte!

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