Coletivo TirAção coloca artistas trans, travestis, pretos, indígenas e periféricos em foco
Uma residência artística totalmente direcionada para pessoas trans e travestis. A iniciativa surgiu no início de 2022, na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, após o chamamento do edital Fundo Positivo, que atua em defesa do direito à saúde, à diversidade e contribui com as respostas ao enfrentamento das IST´s, HIV/AIDS no Brasil. Durante…
Uma residência artística totalmente direcionada para pessoas trans e travestis. A iniciativa surgiu no início de 2022, na Cidade Tiradentes, zona leste de São Paulo, após o chamamento do edital Fundo Positivo, que atua em defesa do direito à saúde, à diversidade e contribui com as respostas ao enfrentamento das IST´s, HIV/AIDS no Brasil.
Durante 2 meses, 15 artistas produziram materiais como lambe-lambes, música, faixas, figurinos, performances, trazendo à luz a arte contemporânea de quem está à margem na sociedade. O projeto, chamado TirAção, ganhou este ano sua 2ª edição e uma exposição.
“Sabemos que na sociedade esses artistas estão à margem e, por isso, temos o dever de revelar o que a sociedade exclui” – Lua Lucas, curadora do coletivo TirAção
Rafa Silva. Imagem: Transmuta/Divulgação
TirAção – A arte revela o que a sociedade exclui
A arte visual contemporânea sempre foi vista como elitista. Além disso, muitos dos argumentos contra as pessoas trans reciclam a homofobia dos anos 80 e 90. Como impulsionar então, estes trabalhos que normalmente são apagados?
A exposição TirAção surgiu como um “processo coletivo e interseccional de disputa de narrativas e ação de reparação histórica para corporalidades dissidentes”, comenta Lua. No Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes, conhecida por ter o maior complexo de conjuntos habitacionais de SP, obras de artistas trans, travestis, pretos, indígenas e periféricos porém, puderam ser visitadas gratuitamente durante o mês de maio.
Nomes como Ana Mogli Saura, Ashley Angel, Bioncinha do Brasil, Elix Rodrigues, Jhoweny Orun Soares de Miranda e Puri Yaguarete, junto com Lua Lucas, trouxeram uma abordagem que permitiu reflexões profundas, além de uma experiência visualmente estimulante.
“Rastres negres en libertad” (2021), de Mogli Saura. Fotografia, 29.7 x 21 cmBioncinha do Brasil. Foto: Transmuta/Divulgação
A mostra conseguiu formalizar tabus e problemas contemporâneos, como a religião, a marginalidade e a reciclagem, por meio de fotografias, filmes, instalações, performances e costura, reafirmando o compromisso da arte como ferramenta de transformação social.
A pergunta que fica é por que a ideia de uma vernissage exclui a possibilidade de ocorrer em uma quebrada?
Todos os anos, no mês de junho, a comunidade LGBTQ+celebra o amor e a diversidade. O mês do orgulho marca a luta contínua pela igualdade. Apesar da arte queer existir há centenas de séculos, nos últimos anos, temos visto maior aceitação, mas isso não significa que ela seja completa e universal.
Enquanto no início do século 20 artistas criavam imagens ‘codificadas’ e metafóricas sobre identidade e percepções de feminilidade e masculinidade, a abordagem atual se mostra mais direta, subversiva e explícita.
Ao proporcionarmos um espaço de visibilidade e valorização para estes artistas que, muitas vezes são excluídos dos circuitos tradicionais da arte, possibilitamos o encontro de sua própria voz, reconhecimento e entendimento de diversas questões LGBTQ+ através de seu trabalho.
Como apoiar a comunidade Trans e não binária?
1 – Chame a pessoa pelo seu nome (social);
2 – Não faça suposições ou tente adivinhar gênero ou orientação sexual;
3 – Respeite seus pronomes;
4 – Informe-se sobre as diferenças entre orientação sexual e identidade de gênero;
5 – Lembre-se que ser trans ou não binário é algo normal e natural, em qualquer idade e em qualquer comunidade;
6 – Saiba que para ser considerada trans não é preciso necessariamente passar por procedimentos cirúrgicos;
7 – Ouça, acredite e ofereça apoio caso a pessoa queira expressar sentimentos, identidades e necessidades;
8- Cuidado com as microagressões: alguns comentários ou perguntas podem machucar ou estigmatizar as pessoas;
9 – Crie projetos e ambientes mais inclusivos;
10- Caso alguém da família ou um amigo necessitar de apoio clínico para perceber o que se passa consigo, procure ajuda especializada;
Puri Yaguarete. Reprodução/Instagram
Em um mundo onde muitas vezes lhe dizem para ter vergonha de quem você é, ter orgulho é resistir.
Conheça a coleção El Cabriton Orgulho
A coleção El Cabriton Orgulho tem parte do valor recolhido com sua venda revertido à Casa1, um centro de cultura e acolhimento de pessoas LGBTQIAPN+. A organização sem fins lucrativos é financiada coletivamente pela sociedade civil. Você também pode doar diretamente pra eles no instagram.
Nos ajude a espalhar amor e leve essa mensagem no peito mundo afora!
Deixe uma resposta