Desde sempre Março é o mês das chuvas, águas de março e tals.
Surpreendentemente as chuvas deram uma folga durante a pintura da nova fachada, que aconteceu nas primeira quinzena do mês. Ainda bem, porque Fernando Pimentel ( aka Fernando Tosko) viajou os 150 kms entre a cidade de Limeira e a Rua Augusta só para fazer a nossa fachada 104!
Passou 2 dias aqui em São Paulo e voltou pra casa. Tipo um bate-volta.
Fernando foi um dos artistas mais rápidos a pintar nossa parede. O processo todo deve ter levado 5 horas. Ele chegou após o almoço e no início da noite a fachada já estava toda preenchida! Depois só alguns detalhes foram acertados. Fernando, acostumado a pintar muros ( algumas vezes sem autorização) sabe trabalhar com rapidez. Aqui, só teve a ajuda de sua esposa na fachada.

Fernando foi influenciado pelo rap e a cultura hip hop no início do ano 2000 e viu na vertente artística do graffiti da época uma forma de levar seus pensamentos e sonhos para as ruas, transformar seu bairro e posteriormente sua cidade com mensagens, cores próprias e traços.
Seu estilo é marcado pela distorção do real, criando um universo paralelo cheio de simbologias e temas fantásticos de seus personagens e bestiário autoral.

O primeiro muro de Fernando em São Paulo, a nossa fachada, contou com a síntese da sua atual proposta de trabalho: a simbiose entre a natureza e o humano- criar uma reflexão sobre o comportamento humano dentro do meio em que vive e sua existência terrena, sendo exteriorizada através de pinturas com significados mitológicos. uma visão “fantástica” sobre os assuntos ligados ao etnocentrismo gerado por povos colonizadores aos indígenas do passado.
Na parede da Alameda Jaú Fernando estampou um Içou ( como são chamados os macacos no idioma Tupi) . Os braços do macaco “abraçavam” a loja, passando pela porta de entrada e terminando na outra parede, da Rua Augusta.

O universo indígena sul-americano e os animais que estão ameaçados de extinção nestas regiões são os personagens principais do trabalho de Fernando. Os animais são como espíritos da natureza e fazem a ponte entre o real e o espiritual na crença do povo indígena e também são os guardiões do seu habitat. Os humanos são os causadores de grande parte das destruições da natureza por sua ganância e crueldade e criam o desequilíbrio.


Com essa abordagem e partindo de sua pesquisa e observação sobre os assuntos pensados, Fernando cria personagens com fragmentos humano/animal com simbologias conhecidas e modificadas para uma adequação lúdica da obra/conceito e elementos que agregam na questão visual da obra dando maior ênfase ao tema proposto pelo artista.


Elementos como as armas, vestimenta, as cabeças encolhidas, conhecidas como “Tsantsas” da tribo Shuaras e presente no desenho da fachada na mão do macaco, faz parte de um ritual tribal, onde o inimigo é morto e sua cabeça transformada em miniatura que é utilizada como amuleto em colares, penduradas em seu pescoço, para que o espírito vingativo não os assombrem .
Nosso sincero agradecimento ao Fernando e sua esposa pela dedicação em nossa fachada e pela simpatia!
Conhece mais sobre o trabalho de Fernando em : https://www.behance.net/fernandotosko






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